Para um Diagnóstico Intempestivo da
Modernidade Política e de uma Sintomatologia da Cultura - Wagner, Rousseau e Schopenhauer compõem a tríade
sintomática da neurose moderna e do humanismo docilizante. É a partir dessas
patologias que surge a moral da castração que polariza a “natureza humana” em
maniqueísmos axiológicos para o cultivo de uma economia dos impulsos e
reconfiguração de tipos antropológicos com base em programas biotecnológicos. A
mesma condenação do mundo e dos gestos desejantes está presente no projeto
político da modernidade entre o apogeu do pessimismo materialista que substitui
fundações morais teológicas pela gestão moralista filosófica, científica,
artística e eugenética da vida e suas virtualidades pretensamente aumentadas,
buscando cura e redenção nos sucedâneos leigos do deus morto e nos refúgios
seguros de narcóticos hedonistas. Entretanto, numa perspectiva de sublimação e
recusa desses sintomas, o espírito tornado livre produz em si próprio a força
para superar esses sinais de fraqueza e decadência colocados como virtude em
seus ideais eunucos. O dionisíaco assume e afirma todos os opostos em sua
totalidade e entre as tensões e pulsões que não separam mais as razões dos
sentidos, a felicidade do sofrimento, a vida da morte e a criação da
destruição. O dionisíaco é capaz de elevar-se dispensando qualquer modelo de
antropotecnologia.