4 de outubro de 2011

Para um Diagnóstico Intempestivo da Modernidade Política e de uma Sintomatologia da Cultura - Wagner, Rousseau e Schopenhauer compõem a tríade sintomática da neurose moderna e do humanismo docilizante. É a partir dessas patologias que surge a moral da castração que polariza a “natureza humana” em maniqueísmos axiológicos para o cultivo de uma economia dos impulsos e reconfiguração de tipos antropológicos com base em programas biotecnológicos. A mesma condenação do mundo e dos gestos desejantes está presente no projeto político da modernidade entre o apogeu do pessimismo materialista que substitui fundações morais teológicas pela gestão moralista filosófica, científica, artística e eugenética da vida e suas virtualidades pretensamente aumentadas, buscando cura e redenção nos sucedâneos leigos do deus morto e nos refúgios seguros de narcóticos hedonistas. Entretanto, numa perspectiva de sublimação e recusa desses sintomas, o espírito tornado livre produz em si próprio a força para superar esses sinais de fraqueza e decadência colocados como virtude em seus ideais eunucos. O dionisíaco assume e afirma todos os opostos em sua totalidade e entre as tensões e pulsões que não separam mais as razões dos sentidos, a felicidade do sofrimento, a vida da morte e a criação da destruição. O dionisíaco é capaz de elevar-se dispensando qualquer modelo de antropotecnologia.