É uma grande satisfação quando presencio minhas
criações sendo reconhecidas pelos desconhecidos, mas que produzem um excelente
trabalho no sigilo do anonimato. É muito gratificante trabalhar junto com aqueles
que realmente fazem e não só prometem. Curiosamente, eles conseguem surpreender
com pequenas atitudes e a franqueza com o que falam, contribuem e compartilham.
Muito diferente de alguns ditos “amigos” que não movem um dedo pra contribuir e
ainda por cima monitoram todos os seus passos em um silêncio capcioso ao mesmo
tempo fingindo te ignorar. Desses, não tenho nada a esperar. Não alimento mais
esperanças com pseudo-amizades. É por essas e outras que cada vez mais
desconfio e me distancio daqueles que não agregam nada em meu convívio e dos
que circulam mal-intencionados a minha volta. Contudo, ultimamente ando
sociável para poucos. Recuso-me a conviver com quem reduz a vida à jogos de
disputa. Mesmo sendo tarde, eu recomeço do zero, mas não aceito a falcatrua de
supostas ajudas. Não espero reconhecimento daqueles que se preocupam apenas em
encontrar defeitos, do tipo que vai ao enterro pra fazer o papel do coveiro ou
da carpideira. Traçar o próprio destino é um desafio inexorável, a vida é
curta, a existência é uma só, somos finitos e iremos morrer um dia. Se algumas
companhias não valem a pena, então que não venham roubar minha solidão.
Deixe-me sozinho priorizando e perdendo o tempo com aquilo que só eu e as
paredes valorizamos, colhendo o próprio resultado e se dedicando ao máximo para
fazer acontecer o que há muito desgraçou a minha vida e que também sempre me
possibilitou fugir da rotina. Quem enxerga fora de seu tempo sente fome e sede,
e não tem tempo para esperar os medíocres acordarem e a má vontade de
descompromissados. A mudança do tempo e das coisas nos mostra quem é quem, e o
que ficou no passado não passa de meras lembranças. Risos, alegrias, tristezas,
desânimos, trairagens, mentiras, ilusões, desafetos e maldades, atento contra
as persuasões, tudo isso foi válido para o crescimento e experiência de quem
assassinou a própria inocência para desfrutar de dias mais saudáveis. Não me
decepciono por falta de espaço ou quando não sou recepcionado pela multidão,
tampouco almejo o que os outros usufruem ou desejam fazer parte. Eu me viro no
lugar mesmo em que vivencio sem depender de palcos, prêmios, cenários e
teatros. Tranquilidade é você encostar a cabeça no travesseiro e perceber que
não deixou pra trás aquilo que deveria ser feito ao qual conforta o corpo e
vigora o espírito tornado livre.