A
onda fascista é cômica devido a sua mente estreita que é incapaz de ultrapassar
a fronteira do próprio mundinho, esse que para ela deve ser o único a existir
sem que nenhuma outra informação, pensamento ou teoria possa colocar em risco
as suas certezas.
Atualmente,
se qualquer pessoa expressar uma crítica à sociedade, ou até mesmo ao
capitalismo, à economia neoliberal, à conduta do empreendedorismo ou a
meritocracia, sobre a qual as demandas de fascismos cotidianos
classificarem como imprópria ao seu mundo e conjunto de valores,
automaticamente surgem acusações, rotulações e classificações que se tornaram
corriqueiras. Como por exemplo, a tentativa de se xingar de
"comunista" e entre outras taxações, pois não tem a capacidade de
transpor o abismo da divisão ideológica
de direita e esquerda. Possuem uma obsessão taxativa por Cuba, Coréia do
Norte, Venezuela ou qualquer país que lembre "comunismo" ou
"socialismo", mesmo que de forma totalmente anacrônica eles acreditam
ter o respectivo entendimento sobre essas palavras.
Para
um fascista em potencial sempre é conveniente mencionar ditaduras em governos
socialistas no decorrer da história, como se fosse um argumento válido para
justificar a sua inclinação às ideias extremistas e conservadoras que só servem
para reforçar ainda mais a inútil briga ideológica. Vale citar o apego dele por
personagens caricatos do tipo Bolsonaro ou figuras neopentecostais que se
tornaram representantes legítimos do conservadorismo difuso na sociedade ao
qual bipolariza questões políticas com dicotomias partidárias e simplistas. Em
seus imaginários, o "comunismo" é um monstro devorador de
criancinhas, como se o macarthismo atual fosse um alicerce às personalidades
acusatórias e paranoicas.
É
possível desconcertar um fascistóide moderno, que agora independe de sua origem
social ou ideologia, quando se mostra a ele que há questionamentos e críticas à
sociedade e ao governo que estão fora dos clichês e os modelos prontos que ele
costuma a construir suas ideias. É notável vê-lo desnorteado quando se fala claramente
a ele que uma determinada crítica aos temas e problemas que vivemos não está
fundada na simpatia por Cuba ou qualquer regime comunista. Ao fazer isso,
demonstra o quanto o ódio à diferença que ele alimenta não passa de uma tolice.
Sempre
com medo do confronto de ideias, o fascista contemporâneo age como um soldado
que se sente o tempo todo em risco, ao ponto de ameaçar a todos pra defender,
sempre de forma agressiva, a sua própria trincheira. Ele nunca está disposto a
dialogar, desqualificando qualquer pensamento intelectual e elaborado como algo
pseudo-intelectual. Percebe-se a sua ignorância escancarada na sua lógica de
ver as coisas, no modo como tenta negar a experiência do outro, advogando a
destruição de tudo que for diferente à sua ordem. A sua negação reside na sua
ideologia em negar o racismo, assuntos relacionados a homofobia, conquistas
históricas das mulheres e as lutas contra as desigualdades sociais.
É
comum hoje em dia ver o ódio do fascista superexposto e com grande adesão em
vários lugares, instituições, mídias sociais e virtuais, como também nas
cabeças de pessoas com faixas etárias bem distintas. Nas discussões do dia a
dia não é raro ver um deles exortando suas convicções, imputando a culpa e as
práticas de abusos e violências às suas
vítimas, o apoio à pena de morte e redução da maioridade penal, o racismo para
ele sempre é visto no seu "inverso", os atos de intolerância, o
maniqueísmo em categorizar os cidadãos entre o bem e o mal, a aprovação do
porte legalizado de armas, no modo como autoriza a morte para aqueles que pra
ele são considerados como vidas descartáveis, o fascínio pela polícia letal, a
conivência com as práticas de punição, tortura, extermínio e a defesa pelo
retorno de regimes militares mesmo sem ter conhecimento sobre esses contextos.
Há
claramente um projeto fascista que se assenta na instrumentalização do medo de
uma maioria em perder os seus acessos aos bens de consumo numa situação de
risco, crise e insegurança social em que favorece os interesses de uma minoria
no poder político.
Realmente
o que se presencia aqui é um contexto em que o fascismo social se espalha entre
tecnologias políticas em variantes fluxos da dicotomia entre governo e
oposição, todas elas visando a imunização do estado.
É preciso ousar
resistências contra o vazio do pensamento que transita na ignorância e nos
projetos execráveis dos fascismos contemporâneos.