"O que é o céu senão um suborno, e o que é o inferno senão
uma ameaça?" (Jorge Luis Borges)
Não há nada mais mesquinho e
desdenhoso do que a crença no milagre, pois ao acreditar, por exemplo, que
alguém se curou milagrosamente de um câncer, desconsidera-se todas as outras
que morreram da doença sem receber a "benção divina".
Na demanda do descaso, o
milagroso sempre é o seletivo amesquinhado que passa pela norma moral da servidão
e recompensa.
O milagre nada mais é do que a
moral de escravo e também a condenação da vida vigentes na crença da
"salvação".
Sempre há algo de negação dos
instintos vitais ou de antinatureza na crença do milagre.