7 de março de 2012

Canalhas Fardados e os Cidadãos Coniventes

A punição exemplar nada mais é do que a exposição pública da canalhice de agentes fardados. Forma desavergonhada do rosto fascista. A tortura e as execuções oficialescas foram e continuam sendo marcas da ditadura no Brasil formando uma polícia especializada em massacrar, intimidar, açoitar e rotinizar o terror, e sempre funcionando, muitas vezes, com a anuência e clamor popular, sobretudo de colaboradores da defesa da sociedade que seguem como um idiota na crença no Estado, na melhoria da polícia e em nome da segurança buscando refúgios em leis. Os que se autodefinem como “bons cidadãos” gostam de apontar o dedo, como se o problema da infração fosse apenas um problema do outro, esses são os mesmos que associam periculosidade a traços físicos e justificam a truculência como “medidas de procedência”.
Os policiais aumentam a voz, destratam, xingam e humilham, mas o cidadão babaca que se acha “de bem” insiste em acreditar que eles apenas estavam “fazendo o seu trabalho” para promover a segurança e protege-lo de vagabundos e aproveitadores. Não se dão conta de que todos aqueles que andam pelas ruas, a pé, de ônibus, metrô ou de carro podem passar por suspeições, abordagens estúpidas e interceptações de pessoas. Polícia é polícia, dane-se a utopia sórdida dos que ainda a defendem fazendo coro aos maus tratos e pronunciando-se com base em mediocridades. Quem aprova ou relativiza a covardia torna-se conivente diante do que é intolerável.
Dissemina-se nos espaços fechados e abertos os escaneamentos pelas quais todos são identificados como suspeitos e culpados, até que se prove o contrário. Com o aperfeiçoamento dos dispositivos tecnológicos ampliou-se o exercício da delação e a conduta do policiamento ao qual o cidadão é convocado a vigiar e caguetar o outro por via de celulares, sms e disque denúncia. O metrô de São Paulo e de outros lugares, por exemplo, adotaram essa prática de localização dos que supostamente ameaçam ou infringem normas de segurança nos trens e estações. Essa foi a forma mais eficaz do Estado administrar as perseguições por vias democráticas e ainda se valendo de parcerias da “sociedade civil”, bem como fazer da denúncia e delação serem consideradas um exercício de cidadania e ainda recrutar os governados como um agente colaborativo de suas redes adequando-os às práticas diretas nas funções de soberania, aderindo o poder de fiscalizar, confiscar, delatar e violar. Nunca é demais lembrar que o nazismo utilizou dessas mesmas tecnologias para localizar judeus, mulheres, crianças e subversivos e para exterminá-los dentro e fora dos campos de concentração.
Policiais são covardes, autoritários e racistas. Em seu olhar e mentalidade qualquer um é visto como potencialmente "suspeito", "delinquente" e "bandido", sem deixar de mencionar as discriminações de origem étnica e sócio-econômica. Em suas "abordagens", tentam justificar a truculência e a intimidação como necessária para impor a ordem e a segurança, alegando que ela "tem que ser assim mesmo" para o policial "fazer o seu trabalho" e proteger a propriedade numa estúpida alegação de que "os meios justificam os fins". Seja na ditadura ou na atual democracia, a polícia sempre foi a mesma abjeta, ignara e podre polícia que tortura, mata, esconde corpos, forja flagrantes, extorque, reprime, humilha e desrespeita seja quem for. A antropometria, a biometria, o uniforme e o racismo sempre fizeram parte da conduta fascista da polícia violenta, se engana pra si mesmo aquele que acha que ela está para nos proteger, qualquer um aos seus olhos podem ser identificados como infratores, até mesmo o cidadão que se acha "de bem" pode ser mal tratado e fustigado por ela. Presenciamos em todos lugares cenas deploráveis e execráveis do abuso de autoridade, das medidas de exceção sendo cada vez mais confirmadas como "regras". A presença da polícia sempre será insuportável, quando e onde ela existir não cessará a violência. Policiais que circulam em viaturas nas cidades e bairros sempre administram suas vontades de extermínios, dependendo do horário e do lugar.