17 de agosto de 2011

Breves Considerações acerca dos Protestos nos Subúrbios de Londres


E sempre há o clamor da imprensa, não só de lá como também é o caso de algumas coberturas daqui, por mais repressão e reforço de perseguições policiais, percebemos isso nas perguntas capciosas da jornalista ao entrevistado Mr. Dowe, querendo que ele confirme o discurso corrente que associa mecanicamente crime, “desordem” e imigração.
No entanto, o histórico do racismo ligado à brutalidade policial e às desigualdades sociais está disseminado na sociedade britânica, e não apenas nas práticas da polícia, muitas vezes vigentes nas próprias ações dos manifestantes que entram em conflitos entre si. O fato de jovens negros e brancos protestarem juntos em motins nos bairros de Londres não quer dizer que a segregação racial, a xenofobia e a intolerância às diferenças tenham deixado de existir, recorrentemente somos surpreendidos com idéias, opiniões e pareceres que pretendem ontologizar a violência como um dado natural e cultural dos negros ao condenar as mestiçagens nas cidades européias.
Nota-se o quanto é multifacetada as revoltas no Reino Unido, de um lado elas oscilam em práticas fascistas dispersas no interior de apartheid's sociais, de outro em insurreições populares e liberadoras contra os aparatos repressivos do Estado e do policiamento.
Noutro momento, como reações contra o desemprego e a pobreza ou se levantando em nome de maior acesso aos bens de consumo. Enquanto o Estado e suas extensões fazem a gestão dos distúrbios localizando, identificando e criminalizando protestos ao se valer do monitoramento de banco de dados, censuras, interceptações e cortes de acessos a redes sociais e equipamentos eletrônicos, bem como convocando também os cidadãos para dedurarem uns aos outros ao atribuírem pra si a conduta policialesca.
Esses acontecimentos demonstram o modo como as estratégias governamentais estão utilizando os modelos de um suposto Estado de bem-estar social (Welfare State ou Penal welfarism) para produzir e ampliar as políticas de contenção, criminalização e penalização sobre as periferias e subúrbios.

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