E sempre há o clamor da
imprensa, não só de lá como também é o caso de algumas coberturas daqui, por
mais repressão e reforço de perseguições policiais, percebemos isso nas
perguntas capciosas da jornalista ao entrevistado Mr. Dowe, querendo que ele
confirme o discurso corrente que associa mecanicamente crime, “desordem” e
imigração.
No entanto, o histórico
do racismo ligado à brutalidade policial e às desigualdades sociais está
disseminado na sociedade britânica, e não apenas nas práticas da polícia,
muitas vezes vigentes nas próprias ações dos manifestantes que entram em
conflitos entre si. O fato de jovens negros e brancos protestarem juntos em
motins nos bairros de Londres não quer dizer que a segregação racial, a
xenofobia e a intolerância às diferenças tenham deixado de existir,
recorrentemente somos surpreendidos com idéias, opiniões e pareceres que
pretendem ontologizar a violência como um dado natural e cultural dos negros ao
condenar as mestiçagens nas cidades européias.
Nota-se o quanto é
multifacetada as revoltas no Reino Unido, de um lado elas oscilam em práticas
fascistas dispersas no interior de apartheid's sociais, de outro em
insurreições populares e liberadoras contra os aparatos repressivos do Estado e
do policiamento.
Noutro momento, como
reações contra o desemprego e a pobreza ou se levantando em nome de maior
acesso aos bens de consumo. Enquanto o Estado e suas extensões fazem a gestão
dos distúrbios localizando, identificando e criminalizando protestos ao se
valer do monitoramento de banco de dados, censuras, interceptações e cortes de
acessos a redes sociais e equipamentos eletrônicos, bem como convocando também
os cidadãos para dedurarem uns aos outros ao atribuírem pra si a conduta
policialesca.
Esses acontecimentos
demonstram o modo como as estratégias governamentais estão utilizando os
modelos de um suposto Estado de bem-estar social (Welfare State ou Penal welfarism) para produzir e ampliar
as políticas de contenção, criminalização e penalização sobre as periferias e
subúrbios.
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