17 de agosto de 2011

Colaboradores da Defesa da Sociedade, do Estado e do Planeta

As disposições de governados colaboram para expandir a "saúde do Estado" e conservar a ordem (ou o coro da "desordem" cadenciada militarmente) do corpo social. Os compartilhadores de institucionalidades inacabadas adotam as políticas de tolerância para atualizar práticas de prevenção geral e securitária. Nos fluxos do capital imaterial da sociedade de controle numa democracia representativa e participativa, até os hackers são recrutados, capturados e contratados por empresas, por exemplo, na política de combate ao "crime de hacktivismo", contenção de ameaças cibernéticas e para reforçar a segurança privada, estatal e planetária. Assim como o catador de lixo é convocado por cooperativas ecológicas para participar do desenvolvimento sustentável nos jogos de revitalização das cidades e políticas preventivas de profilaxia urbana.
Muitas vezes, o militante na luta antimanicomial recebe a oportunidade de atuar como agente sanitário na repaginação de arranjos epidemiológicos, no engajamento antipsiquiátrico acolhido pelas campanhas contra as drogas para oferecer tratamentos a céu aberto em áreas georreferenciadas como vulneráveis, até o ponto de a prática de internação e a moral psiquiátrica serem aceitas, subjetivadas e negociadas pelos próprios usuários a partir de "disciplinas positivas" oferecidas por funcionários “flexíveis”. Entre as práticas punitivas, o cidadão passa pela convocação eletrônica da delação e a conduta do policiamento.
Nas crescentes e velozes mobilizações de protestos organizados via redes sociais, microblogs e celulares, o Estado em sua capilaridade se vale dessa velocidade para localizar, identificar e silenciar as manifestações sobre as quais são organizadas por meio de convocações eletrônicas e sob o controle de seus proprietários, mapeamentos de banco de dados e imediatas censuras e interceptações. Os incômodos dos protestos contemporâneos reproduzem nos fluxos do ciberespaço os motes e demandas que sempre convergem para o Estado e leis regulatórias. Giram em torno dos reajustes de um capitalismo sideral, um querer mais Estado distribuído em seguros, moradias, empregos, bens de consumo, escolarização e cuidados ampliados. Presencia-se o modo como ressurge a institucinalização de outros fascismos corroborados enquanto soluções de crises econômicas globais, e também como o modelo do Welfare State vem sendo utilizado para domesticar ou criminalizar, principalmente, as populações periféricas.
Na onda de marchadores autorizados e tutelados pela polícia ao qual dependem do aval de juízes, produz-se a captura de resistências, as variedades tecnológicas do governo das ruas necessita fomentar direitos de participação da sociedade civil para expandir o governo da cidade e do Estado e ainda servir para testar as possibilidades das novas tecnologias computo-informacionais e programas de empresas, dando maior visibilidade a jovens com ações coordenadas e globalmente articuladas pelos fluxos e circuitos difusos das práticas de poder. Todas essas euforias de "protestos.com" passam a servir de colaboradores do governo da vida no planeta e de Estado, mecanismos de subjetivação empresarial e ongueira aos quais incluem minorias como agentes do desenvolvimento sustentável. Desse modo, os colaboradores que visam participar nas instâncias de governo não se interessam por potencializar resistências, querem apenas contribuir para novas empregabilidades e a partir de institutos, núcleos de universidades, escolas, empresas, ONG's, pastorais, associações comunitárias e coordenadorias de crianças e jovens pretendem continuar agilizando funcionamentos e complementar a governamentalização do Estado, da cidade, das ruas e do planeta através de programações colaborativas, empreendedorismos voluntários de si e dos outros e reformismos bem intencionados, moderados e disponíveis a negociações no interior de outros deslocamentos das variedades governamentais descentralizadas.
É preciso não estar acessível aos catálogos e programas de melhorias. Corpos livres não são bens negociáveis, eles não se ajustam aos regimes de castigos e dívidas infinitas, por mais que se apresentem sorridentes, positivos e amigáveis. A combustão do fogo corporal não cessa e nem perde a sua força diante da oferta, negócios e acolhimentos, ela escapa intensamente das redes aperfeiçoadas e imperceptíveis do governo e não aceita fazer parte do exército amesquinhado de colaboracionistas.

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