Dos Venenosos que Matam
e Curam -
Algumas pessoas fingem acreditar umas nas outras. Em seus rumores, depositam
falsas expectativas, créditos, méritos ou juízos de valor para posteriormente
diminuir e menosprezar o que dizem ser o seu "próximo". Elas o
mortificam, e logo em seguida, por compaixão, recomendam a cura para depois
ruminar os logros de seus regozijos aos quais depreciam prosperidades, celebram
e até mesmo incentivam misérias alheias. Contudo, o desdém ou o pouco caso
sempre foram e continuam sendo o assassinato nostálgico executado por aqueles
que de forma tardia irão lamentar suas mesquinhas considerações a partir da
covardia nomeada de "virtude". Piedade e caridade nunca foram
sinônimos de confiança e vitalidade, elas jamais se prestaram para robustecer e
revigorar forças. Os patifes com boa consciência agridem e trapaceiam no
simulacro de amabilidades, chegando ao ponto de solicitarem perdão após ferir o
outro. Eis a presunção dos que berram solidariedade conservando-se hostis e
aguardando no covil brindar e comentar destroços de outrem. Nota-se o quanto
são asquerosos os venenos que matam e curam, dos que querem cuidar, dissimular
afabilidades a alguém e depois torcer para que ele tropece para assim oferecer
a sua caridade, típico dos que aplaudem quedas, flagelam o seu
"semelhante" e depois apelam por cuidados e filantropias. No entanto,
há que se demonstrar sempre o contrário a quem em sua teia espera, imagina ou
julga ser algo pouco provável. Contra a frieza dos juízes e dos falaciosos,
nenhum dragão morre com venenos e emboscadas de víboras e tarântulas, tampouco
devolve humilhações com as mesmas moedas usadas pelos apreços louvados e
nutridos por mentiras, pois a sua fartura é demasiadamente fecunda para
dispensar a vigília de urubus compassivos e não depender, nem ceder ou receber
razões, justiças, castigos e curas de quem roga pragas e depois lambe as
feridas.
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