11 de julho de 2011

As Artimanhas do Establishment Edipiano Encenando Orfandade Digressiva

Já se consegue farejar a distância as pretensões e astúcias daqueles que se diziam orfãos atuando como pivôs do capital imaterial e ladinos flexíveis às artimanhas de oportunidades e garantias dos paternalismos institucionais pelas quais capturam afetos a partir de seus feudos, jogos de amabilidades e fraternidades ostrificadas. Perderam a espontaneidade inventiva e desapego criativo, com suas retóricas e condutas moderadas buscam empreender a própria energia “inteligente” em nome de cargos, comissões, títulos, elogios, convites, contratos, funcionalismos, diplomacias e burocracias de toda ordem, como manda o ethos dos “bem estabelecidos” nos programas e que ainda dissimulam devires supostamente desviantes.
Nada escrevem, lêem ou produzem se não for proveitoso para se rechear currículos, adquirir certificados e se auto-promover profissionalmente vislumbrando glórias, protocolos, carreiras e empregos. Ninguém tem tempo, estão ocupados demais para o desvio, quando a oferta aparece, imediatamente são assumidas por aqueles que não ousam dizer "não" tendo em vista compensações e status. É a tal "falta de tempo" acolhida como um prestígio social e que corre a favor não da vivência e experiências de estudos, criações, reflexões e pensamentos livres, e sim justificada para conseguir sair bem colocado em promoções funcionais ou quem sabe numa vaga em atividades administrativas.
Há quem culpabiliza a produtividade exigida na sociedade de controle, mas cabe mencionar também que o sequestro da "falta de tempo", dos assoberbados de trabalho, da "cultura da agitação" compõe o gozo bonificado daqueles que planejam intencionalmente a entrada em programas e seus valores, e que por vezes nem são tão produtivos assim, apenas usufruem desses argumentos para tirar de suas costas as responsabilidades e jogá-las para os outros.
As errâncias digressivas estarão sempre atentas contra as manhas de prolixos que procuram repaginar empreendedorismos absorvendo resistências no financiamento de “alternativos” remunerados, segundo os parâmetros de uma sustentabilidade que utiliza das palavras de transgressão e autogestão para ramificar as máquinas de sequestro e renovar rentáveis negócios de bancos, bolsas, departamentos, bancas de arguição, produtores culturais, artistas, intelectuais, ativistas e ongueiros, todos sequiosos por melhorias, campanhas, parcerias, iniciativas mass-mediáticas, convocações, participações e sobrevivência entre as tutelas de variáveis programas governamentais e organizações internacionais, não-governamentais, universitários e empresariais.
Os sentidos orfãos são intensamente desejantes no espaço em que vivencia, e não puritano como nos “objetivos” escalado pelo cúmplice imitador de adultos ou zelador de fidelidades, hierarquias, obediências voluntárias e regimes de ortologia dos saberes. Em suma, onde há édipos, não haverá digressões. A orfandade não espera as “portas abrirem” como se olhasse o futuro entre buracos de fechaduras, ela não fresta e nem aguarda brechas de um mundo visto e preenchido por intermédio de telas e janelas, ela resiste e potencializa a recusa em relação aos fluxos, enfrenta as tensões e cartografias do tempo presente e questiona a própria contemporaneidade com práticas e potências que expressam de forma incessante a não servidão às finalidades do controle.

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