11 de abril de 2019

...


Não é de hoje que a política de extermínio praticada por agentes militares e policiais é exercida principalmente nos bairros periféricos da cidade, fazendo desses espaços sitiados uma verdadeira zona de conflitos permanentemente monitoradas.

Mesmo após a suposta "reabertura democrática", todos os governos continuaram a utilizar o exército e a polícia como uma força de lei e exceção para controlar e reprimir a população e as classes georreferenciadas como "perigosas".

Não é de hoje que o terrorismo de Estado é celebrado com grande aprovação popular, que a tortura é aplaudida até mesmo nas salas de cinema por setores reacionários da própria sociedade civil.

O que se vê hoje no empoderamento de soldados da morte cada vez mais protegidos pela legalidade para fomentar chacinas e genocídio, está relacionado não apenas aos discursos de ódio da extrema-direita que ascendeu ao poder com toda sua base de milícias, mas também está ligado diretamente às políticas de militarização como "medidas de pacificação" de territórios pobres.

No Brasil, o militarismo crescente nas questões de segurança pública (ou o urbanismo militar, assim como acentua o autor Stephen Grahan) foi fomentado até mesmo pela própria esquerda em prol de megaeventos esportivos.

80 tiros fuzilaram o carro de uma família negra assassinando um pai na frente de seu filho de 7 anos. A furadeira é confundida com uma arma e mais um jovem negro é executado pela polícia. E mesmo assim se vê no dia a dia muitos querendo relativizar ou negar a existência do racismo.

Incêndios em favelas associados às políticas de "reintegração de posse" sobre a qual os moradores são expulsos, roubados pelas autoridades e atingidos por balas de borracha, enquanto vizinhos e motoristas buzinam e comemoram as ações da polícia contra os que são chamados de "vagabundos".

Por isso o governo federal glorifica o golpe civil-militar de 1964, nota-se um nefasto conformismo à ordem por parte daqueles que sempre irão fazer vista grossa sendo coniventes com tais práticas. Por isso atualmente se vê muitos jovens abrandando e enaltecendo a ditadura, convictos de que foi uma “época boa” e sinônima de “mais segurança”, assim como seus pais ou avós também acreditam, pois não é de hoje que tal conformação à ordem autoritária faz com que eles ignorem toda a realidade em sua volta, já que foram frouxos o suficiente de nunca confrontá-la.

Vale ressaltar que a maioria dos que exaltam ditaduras e seus torturadores são cristãos que querem ter armas nas mãos e são arraigados em condutas bélicas que fabricam o seu inimigo a ser eliminado. E toda essa política de Estado baseada no extermínio tem o aval dos setores que exortam o discurso de que “bandido bom é bandido morto” e autorizam militares a matar, como também a prática de atirar primeiro e depois perguntar.

"Primeiro atira, depois aborda"; "policial terá licença para matar"; "excludente de ilicitude pra militar"; "se o militar estiver sob forte emoção poderá ser perdoado". Se vocês são daqueles que apoiam esses discursos e planos de governo e justificam o assassinato cometido por agentes militares com o execrável relativismo dos "80 tiros acidentais", ou no dia 31 de março comemorou a ditadura através das constantes deturpações históricas revisionistas ao qual escondem um passado marcado pelas torturas, execuções e desaparecimentos de corpos, vocês são parte do problema e coniventes com a política de extermínio, racista e genocida do Estado.

Não há "despreparo", "engano", “acidente” ou “incidente”, vivemos numa sociedade que aprova essas práticas de truculência militar e letalidade policial. É por isso que eles fazem isso, pois sabem que terão toda a proteção das leis para seguir atirando em quem considerar "suspeito" ou "bandido", e mesmo que sejam punidos individualmente, não acabará com essa máquina de guerra.

Enquanto parte da população se regozija junto com seus políticos eleitos, aos que não se acomodam nessas construções de subjetividades em constantes redes de vassalagem, se faz cada vez mais urgente criar práticas anticoloniais que irrompem com toda essa racionalidade neoliberal da subserviência.

É no presente que se faz preciso enfrentar e incendiar toda conivência do cidadão-polícia que faz uso da seletividade penal para incentivar as condutas exterministas de seus agentes de farda com medo de qualquer sinal de insurreição.

A tática da revolta extingue o silêncio, com sua potência de recusa às formas de poder, tem a coragem de dizer um basta, de que já não é mais possível tolerar, muito menos consentir com aquilo que um determinado governo nunca deve fazer. Em tempos de demasiada obediência política e silenciamentos, aos insurgentes é preferível a experiência de se escolher e vivenciar o risco da morte ao invés da certeza de obedecer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário