6 de novembro de 2018

A Luta Antifascista não é um Programa

O antifascismo não é uma campanha, e nem um cálculo para a redução de riscos à democracia liberal. Tampouco uma mera oposição à formalidade democrática que busca recompor a normalidade institucional e as melhorias de Estado.

Nota-se que toda potência e luta antifascista vem sendo confundida com os setores que estão sendo cooptados pelos programas de uma racionalidade neoliberal que faz uso de aconselhamentos às condutas moderadas.

A racionalidade neoliberal ajusta as esquerdas para um posicionamento de centro, faz com que o fascismo seja visto apenas como um efeito impulsionado por governos estabelecidos, desconsiderando as forças que procedem de baixo, nas moléculas e dobras de corpos e afetos da própria sociedade cotidianamente.

O discurso neoliberal produz a conduta moderada, como também os impulsionamentos extremistas.

É comum considerarem o fascismo como uma prática de governo e Estado que produz regimes de exceção. O que não se deve esquecer é que tanto o fascismo e o governo da exceção como regra e força de lei são configurados, muitas vezes, em governos democraticamente eleitos, se valendo de forças e organizações difusas, como milicianos ou colaboracionistas individuais atuando como suportes indispensáveis nas medidas punitivas e seletivas aos segmentos sociais por eles esquadrinhados.

A vontade fascista de poder consiste nesse alinhamento da vontade soberana com o desejo e pulsão do direito de matar entre as massas ressentidas e reativas.

Contudo, existe sempre a possibilidade de um determinado líder autoritário falar em defesa da democracia e pacificação para integrar as forças violentas do extremismo fascista nos dispositivos de negociações governamentais e fazer com que a normalização se confunda com o terror.

Após as eleições, o discurso de pacificação e defesa democrática se torna presente nas falas do capitão reformado, enquanto as condutas moderadas tomam forma em clichês isentões de que "todos estamos no mesmo barco".

É preciso se atentar, as lutas antifascistas são incessantes e não um programa ou ativismo temporário, elas cartografam incansavelmente as resistências combativas, como também as barricadas libertárias que não se deixam capturar pelas buscas do poder.

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